A embaixada da Venezuela foi ocupada na manhã desta quarta-feira (13/11/19) por um grupo de simpatizantes de Juan Guaidó, líder da oposição e reconhecido como presidente por dezenas de nações que rejeitam o Governo Nicolás Maduro como ilegítimo, entre elas o Brasil.
A Polícia Militar chegou a ser chamada e utilizou spray de pimenta para conter as cerca de 30 pessoas que estavam do lado de fora da representação diplomática e tentavam derrubar o portão para entrar no local, segundo o jornal Metrópoles. Após horas de embates, os aliados de Guaidó deixaram a embaixada por volta das 17h40.
A Venezuela está sem representante oficial no Brasil desde 2016, quando Nicolás Maduro retirou o embaixador em protesto contra o impeachment de Dilma Rousseff. Um diplomata brasileiro foi enviado ao local, junto com o batalhão Rio Branco — a tropa da Polícia Militar do Distrito Federal encarregada da segurança das embaixadas — para tentar mediar a situação. O Governo federal, no entanto, não tem jurisdição sobre a Embaixada, que é oficialmente território venezuelano. De acordo com uma fonte diplomática que falou com a Reuters, a situação é confusa, com um grupo acusando o outro de invasão, e há um impasse no momento.
O deputado petista Paulo Pimenta também se dirigiu à Embaixada para tentar mediar a situação. Ele acusou pelo Twitter o presidente Jair Bolsonaro de apoiar, “ainda que não assuma publicamente”, o que chamou de “invasão paramilitar da Embaixada da Venezuela em Brasília”.
Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional informou que “o Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó”. Disse ainda que “as forças de segurança, da União e do Distrito Federal, estão tomando providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade”.
No momento da “invasão”, Freddy Meregote, encarregado de negócios da Embaixada da Venezuela, disparou áudios pedindo ajuda para conter os invasores. “Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão entrando [na Embaixada], estão violentando o território venezuelano. Necessitamos de ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos”, disse Meregote
A ação foi comemorada pelo opositor do regime Julio Borges, nomeado por Guaidó como ministro das relações exteriores. “Diplomatas venezuelanos ficaram do lado da democracia e entregaram a sede da embaixada venezuelana no Brasil ao Governo legítimo. Diante disso, o corrupto e ex-militar do CADIVI, Manuel Barroso, agrediu a sede com grupos violentos do Fórum de São Paulo e agentes cubanos ”, escreveu no Twitter, em relação ao general chavista que está no Brasil.
Grupo de aliados de Guaidó deixa embaixada da Venezuela em Brasília
Após mais de 12 horas, um grupo ligado ao autoproclamado presidente venezuelano, Juan Guaidó, deixou a embaixada da Venezuela em Brasília.
O grupo de Guaidó deixou o local pelos fundos por volta das 17h30, saindo por um portão atrás do prédio administrativo e entrando em um ônibus. Eles foram escoltados pela Polícia Militar. Em frente à embaixada, militantes de partidos e movimentos de esquerda cobravam a saída e punição jurídica do grupo.
O Itamaraty garantiu aos apoiadores de Guaidó que eles poderiam sair em segurança e sem punições, como prisão ou detenção policial. No local, o coordenador de Privilégios e Imunidades do Itamaraty, Maurício Corrêia, negociou a saída com o ministro-conselheiro acreditado pelo Brasil, Tomas Silva, representante de Guaidó. A manifestação do presidente Jair Bolsonaro repudiando a interferência e a pressão contra a ocupação foram apontados como determinantes para a resolução do impasse.