Antes de visita à Argentina, o chefe do Comando Sul dos EUA reativa base no Panamá

A antiga instalação militar americana de Sherman, situada na província de Colón, no Panamá, foi reativada esta semana como ponto de treinamento para forças dos Estados Unidos, sob a liderança de Alvin Hosley, chefe do Comando Sul, em exercícios específicos.

Essa ação reforça a estratégia de Washington voltada para o canal interoceânico, especialmente diante das tensões com a Venezuela. As operações, conduzidas nos dias 17 e 18 de agosto na base aeronaval Cristóbal Colón, incluíram a participação panamenha, representada pelo ministro da Segurança Pública, Frank Ábrego.

Em sua terceira visita ao Panamá, Hosley dialogou com autoridades de segurança e inspecionou o destróier USS Sampson, que depois foi direcionado ao mar do Caribe, em um contexto de crescente pressão de Washington contra Caracas, após o anúncio de uma recompensa pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

As operações, realizadas nos dias 17 e 18 de agosto na base aeronaval Cristóbal Colón, contaram com participação panamenha.

A presença do navio de guerra foi verificada por imagens que o capturam nos píeres da base Vasco Núñez de Balboa, anteriormente conhecida como Estação Naval de Rodman.

Após sua estada no Panamá, o líder do Comando Sul seguiu para a Argentina, onde participará de uma conferência sobre “defesa regional” na América do Sul e se reunirá com o chefe do Estado-Maior argentino, Xavier Isasc, para discutir questões de segurança continental.

O chefe do Comando Sul dos EUA alerta a Argentina sobre a influência da China na região.

O almirante Alvin Holsey, chefe do Comando Sul dos EUA, participou da abertura da Conferência de Defesa Sul-Americana (SOUTHDEC) em Buenos Aires na quarta-feira e alertou sobre o papel da China na região, onde busca “exportar seu modelo autoritário”.

“O Partido Comunista Chinês continua sua incursão metódica na região, buscando exportar seu modelo autoritário, extrair recursos e estabelecer infraestrutura de uso duplo, de portos ao espaço”, disse Holsey em uma entrevista coletiva.

Ele acrescentou: “Isso poderia permitir que ele projetasse poder, interrompesse o comércio e desafiasse a soberania de nossas nações e até mesmo a neutralidade da Antártida.”

Em sua segunda viagem à Argentina em 2025, Holsey também destacou a crescente ameaça representada por organizações criminosas transnacionais, que, segundo dados dos EUA, geram receitas anuais de US$ 358 bilhões por meio do tráfico ilícito de drogas, armas, pessoas, recursos naturais e vida selvagem.

Nesse sentido, Holsey pediu aos países da região que transformem o diálogo em “ação coletiva” por meio de maior cooperação militar, fortalecimento da vigilância das rotas marítimas e aumento da capacidade das forças de segurança para enfrentar as redes do crime organizado.

Além do chefe do Comando Sul, o evento também contou com a presença do subsecretário de Defesa para Defesa Nacional e Assuntos do Hemisfério Ocidental, Roosevelt Ditlevson, que também deu ênfase especial à ameaça chinesa.

“Empresas chinesas estão se apropriando de terras, infraestrutura crítica e setores estratégicos como energia e comunicações. A China controla instalações de inteligência militar e espaciais em todo o hemisfério e ameaça pontos de acesso marítimo críticos, como o Canal do Panamá, vital para a economia de todas as nações”, observou.

Na abertura do fórum, o ministro da Defesa argentino, Luis Petri, reafirmou o alinhamento de seu país com os Estados Unidos e defendeu uma política de defesa baseada em três pilares: visão estratégica, modernização militar e cooperação com aliados.

Petri ressaltou a importância do Atlântico Sul, observando que “o mar é a artéria por onde circula a economia global” e enfatizou que a liberdade de navegação e a consciência do domínio marítimo são interesses compartilhados.

Ele também alertou que a pesca ilegal não declarada e não regulamentada “corrói ecossistemas, renda e soberania” e enfatizou a necessidade de trabalhar pela segurança do Atlântico Sul, onde, segundo ele, a Argentina reivindica inabalavelmente seus direitos sobre as Ilhas Malvinas.

O SOUTHDEC 2025 é organizado pelo Comando Sul dos Estados Unidos e reúne líderes militares do Brasil, Colômbia, Equador, Chile, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai, além de observadores do Canadá, França, Espanha, Portugal e Reino Unido, entre outros.

O encontro, que acontece desde 2009, tem como principal objetivo “consolidar a cooperação mútua entre as nações parceiras para continuar construindo uma região mais segura e protegida”, segundo comunicado do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas Argentinas.

A visita de Holsey ao país sul-americano acontece após uma série de viagens oficiais de altos funcionários do governo Trump à Argentina nos últimos meses.

O encontro mais recente ocorreu no mês passado, quando o presidente argentino Javier Milei recebeu Kristi Noem, secretária de Segurança Interna dos EUA.

Em maio, o Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., fez o mesmo, enquanto em abril, o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, também chegou.

Chefe do Comando Sul viaja ao Paraguai

Após participar da SOUTHDEC 2025 na Argentina, o Almirante Alvin Holsey chegará ao Paraguai nesta quinta-feira para discutir com as autoridades locais a colaboração em segurança contra o crime organizado transnacional, bem como treinamento e instrução para as Forças Armadas.

O anúncio foi feito em entrevista coletiva pelo ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez, que indicou, sem fornecer mais detalhes, que Holsey será acompanhado por autoridades dos Departamentos de Defesa e Segurança Interna dos EUA, bem como da Casa Branca.

Em nota, a Embaixada dos EUA informou que, além de Holsey, Michael Jensen, diretor sênior para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, chegará à capital paraguaia esta semana.

Ramírez indicou que Assunção e Washington estão trabalhando para fortalecer o combate ao crime organizado transnacional, ao tráfico de pessoas e de armas, à lavagem de dinheiro e à corrupção, entre outros, como parte de sua agenda de segurança.

“Não estamos trabalhando apenas com os Estados Unidos, estamos trabalhando também com os governos da República Argentina e (…) da República Federativa do Brasil na segurança da tríplice fronteira”, acrescentou.

O chanceler paraguaio acrescentou que também estão sendo feitos progressos com o governo dos EUA na negociação de um acordo de cooperação militar para o treinamento e instrução de membros das Forças Armadas do Paraguai e dos Estados Unidos.

Categorias