42º dia conflito Rússia x Ucrânia

No Senado, chanceler diz que Brasil tem condições de mediar fim do conflito entre Rússia e Ucrânia e criticou as sanções

O chanceler Carlos França afirmou nesta quarta-feira que o Brasil pode atuar como mediador para ajudar a acabar com o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, França voltou a criticar as sanções econômicas aplicadas aos russos, defendeu o diálogo como saída para a obtenção de um acordo de paz e ressaltou que a diplomacia brasileira é conhecida como formadora de consensos e voz respeitada pela comunidade internacional.  

“O Brasil tem credenciais para ser mediador. Somos membros do Brics [bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], somos um ator global, com tradição democrática, e temos uma diplomacia que se construiu ao longo de 200 anos como formadora de consensos e voz sempre respeitada na ONU —afirmou França aos senadores.

Carlos França disse que as sanções econômicas aplicadas à Rússia são seletivas e já prejudicam países fornecedores de alimentos, como o Brasil, que tenta conseguir fertilizantes para o plantio da safra de grãos. Ele disse considerar “lamentável” que as retaliações contra os russos se estendam à cultura e aos esportes. 

Segundo o ministro, o Brasil mantém boas relações com Rússia e Ucrânia e agiria facilmente como conciliador e facilitador de um consenso. França disse que colocará a diplomacia brasileira a serviço da paz e que conversará sobre o assunto ainda este mês, durante visita a Brasília do chanceler turco, Mevlut Cavusoglu. A Turquia tem atuado como mediadora das negociações entre russos e ucranianos. 

Ele também revelou que alguns diplomatas de outros países fizeram lobby para que o Brasil adotasse as sanções — o país, no entanto, optou pela postura de neutralidade em relação ao conflito.

EUA anunciam sanções a filhas de Putin e proíbem novo investimento americano na Rússia

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (6) mais um pacote de sanções à Rússia em resposta à invasão da Ucrânia, incluindo medidas contra as duas filhas adultas de Vladimir Putin, Katerina e Maria. O argumento é que os familiares escondem a riqueza do presidente russo.

Os EUA ainda declararam o congelamento de todos os ativos do banco público Sberbank e do Alfa Bank, o maior banco privado do país em território americano. A Casa Branca informou que todos os novos investimentos americanos na Rússia estão proibidos.

Washington disse que as medidas visam tornar a Rússia um “pária” na economia mundial.

A proibição dos novos investimentos será decretada em uma ordem executiva que será assinada pelo presidente americano, Joe Biden. Também fazem parte da lista de punidos pelas sanções a esposa do chanceler do país, Sergei Lavrov, além do ex-premiê Dmitry Medvedev, bem como Mikhail Mishutsin, atual ocupante do cargo.

Comissão do Senado ouve o embaixador da Rússia no Brasil

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) recebeu o Embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Kazimirovitch Labetskiy, para prestar informações sobre a crise internacional entre Rússia e Ucrânia e suas consequências.

O Embaixador citou como objetivos das operação militar russa na Ucrânia a desnazificação, desmilitarização, defesa dos direitos legítimos dos dois estados de Donetsk e Lugansk, defesa dos direitos dos russos descendentes e garantias de segurança da Rússia.

Alexey disse que o governo central da Ucrânia estava preparando uma ofensiva militar contra os russos nas províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk. 

A presidente da comissão, senadora Kátia Abreu, que fez o convite, queria explicações sobre o motivo de a Rússia invadir o país vizinho em fevereiro deste ano, dando início a uma guerra que ainda está em curso no leste europeu.

Segundo o embaixador russo, a operação militar tem como principal objetivo impedir o avanço nazifascista na fronteira de seu país. Labetskiy disse que esses grupos são apoiados pelos governos da Ucrânia e dos Estados Unidos, e têm como alvo principal a população de origem e cultura russas que vivem em solo ucraniano.

O senador Marcos do Val, do Podemos, criticou o discurso de Labetskiy. Ele citou os ataques de tropas russas a prédios e à população civil da Ucrânia como exemplos de que o país estaria cometendo crimes de guerra.

Para o embaixador russo, as notícias de ataques a civis por parte das tropas russas são informações falsas divulgadas pela Ucrânia para conquistar apoio da comunidade internacional.

Já o senador Espiridião Amin, do PP, disse concordar com o argumento russo de que a Otan, organização militar comandada pelos Estados Unidos, está descumprindo tratados e avançando em direção à Rússia. Para ele, no entanto, o país tomou a decisão errada ao decidir invadir a Ucrânia para defender sua soberania.

Ainda nesta semana, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado vai ouvir o encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach; e também o ministro das Relações Exteriores brasileiro Carlos Alberto França.