Medvedev diz que objetivo russo é “Eurásia unida de Lisboa a Vladivostok”
Dmitry Medvedev antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Rússia e atual secretário adjunto do Conselho de Segurança do país, fez esta terça-feira algumas sugestões sobre os objetivos russos em relação à dinâmica mundial: “O objetivo é a paz das gerações ucranianas futuras e a oportunidade de, finalmente, criar uma Eurásia aberta – de Lisboa a Vladivostok”.
Através do Telegram, o aliado de Putin publicou um longo texto, que termina com a referência à criação de uma área livre de comércio — a começar no leste da Rússia e a terminar no ponto mais ocidental da Europa, que é a capital portuguesa. Este percurso cumpre, aliás, o percurso transiberiano.
“O Presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu firmemente a meta de desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. Estas tarefas complexas não acontecem todas de uma só vez”, escreveu Medvedev, acrescentando que estas mudanças poderão acontecer fora dos “campos de batalha” e que “mudar a consciência sangrenta e cheia de falsos mitos de uma parte dos ucranianos de hoje será o objetivo mais importante”.
Dmitry Medvedev criticou ainda os ucranianos, por considerar que têm “pensamentos de ódio por tudo o que é russo”, em vez de terem “orgulho pelas conquistas conjuntas dos seus antepassados, desde 1991”.
As declarações de Medvedev causaram espanto e, no Twitter, o ex-embaixador da Ucrânia na Áustria, Olexander Scherba, questionou: “Então, nem mesmo Lisboa está segura agora?”
Alemanha assume controle da filial alemã da empresa russa Gazprom, diz ministro
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (04/04) pelo ministro alemão da Economia e vice-chanceler federal, Robert Habeck. Ele afirmou que a medida é necessária para garantir a segurança do abastecimento energético e da infraestrutura da Alemanha.
O Estado alemão assumirá temporariamente o controle da filial alemã da gigante russa Gazprom devido à sua “importância para o fornecimento” de energia à Alemanha
Até 30 de setembro, a agência federal que administra as redes de energia se tornará a administradora da “Gazprom Germania”, da qual a Gazprom era a única proprietária.
Na Alemanha, as filiais da Gazprom operam as principais instalações de armazenamento de gás e combustível. A “Gazprom Germania” também possui várias filiais no Reino Unido, Suíça e República Tcheca.
“O governo está fazendo o que é necessário para garantir a segurança do abastecimento na Alemanha e isso inclui não expor as infraestruturas de energia a decisões arbitrárias do Kremlin”, disse Habeck em entrevista coletiva.
“Os direitos de voto dos proprietários da Gazprom Germania foram transferidos à agência federal de redes, a Bundesnetzagentur, que pode tomar todas as decisões necessárias para garantir o abastecimento”, disse o ministro.
Habeck justificou o passo com a falta de clareza jurídica sobre a situação da empresa e com o fato de a matriz russa não ter cumprido os padrões de transparência após anunciar que iria se desfazer da subsidiária.
Na sexta-feira passada, a estatal russa surpreendeu ao anunciar que estava abrindo mão da participação na Gazprom Germania, assim como de todos os seus ativos.
Segundo informações da revista Der Spiegel, a Gazprom tentou nos últimos dias transferir a Gazprom Germania para uma empresa com sede em São Petersburgo, o que foi interpretado como uma tentativa de impedir uma expropriação pelo Estado alemão.
O ministro Alemão destacou que um dos problemas é que não ficou claro quem deveriam ser os novos proprietários da Gazprom Germania, a qual tem um papel fundamental no mercado de gás alemão, tanto no armazenamento quanto no comércio e transporte. Outro problema foi o descumprimento da matriz russa da obrigação de informar as autoridades alemãs sobre as mudanças de propriedade, segundo o ministro.
A unidade alemã detém vários ativos importantes de energia, incluindo o fornecedor de gás natural Wingas, que tem uma participação de cerca de 20% no mercado da Alemanha, a empresa de armazenamento de gás Astora, um braço comercial com sede em Londres e outras subsidiárias estrangeiras.
EUA divulgam que novas sanções à Rússia miram oficiais, instituições financeiras e empresas estatais
A nova rodada de sanções dos Estados Unidos contra a Rússia deverá ser anunciada no final desta semana — e terá como alvo oficiais do governo, instituições financeiras e empresas estatais, segundo declarou a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (5).
As novas sanções de Washington contra o Kremlin visam causar mais incerteza e desafios ao sistema financeiro da Rússia, em meio à operação militar especial de Moscou na Ucrânia, afirmou Psaki.
Imagens de satélite mostram que corpos estavam nas ruas de Bucha antes da retirada russa
Imagens de satélite tiradas há semanas na cidade de Bucha, na Ucrânia, mostram corpos supostamente de civis nas ruas, de acordo com uma empresa privada dos EUA, a Maxar Technologies. As imagens contradizem as alegações do governo russo de que as forças ucranianas causaram as mortes ou que a cena foi armada.
A Maxar Technologies forneceu à agência Reuters nove fotos aéreas, tiradas em Bucha em 18, 19 e 31 de março. Pelo menos quatro delas parecem mostrar corpos em uma das estradas da cidade, a rua Yablonska. A cidade esteve ocupada por forças russas até 30 de março. As imagens não revelam como essas pessoas foram mortas.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a disposição dos cadáveres foi encenada após a saída das forças russas, na semana passada, e que são uma versão “falsa” dos eventos, divulgadas nas mídias sociais por países ocidentais e pela Ucrânia.
Confira as imagens
Kremlin diz que Bucha é “falsificação monstruosa” destinada a difamar a Rússia
“É um show simplesmente bem dirigido – mas trágico”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. “É uma falsificação destinada a difamar o Exército russo – e não vai funcionar.”
“Mais uma vez pedimos à comunidade internacional: se desapegue dessas percepções emocionais e pense com a cabeça”, disse Peskov. “Compare os fatos e entenda com que falsificação monstruosa estamos lidando.”
A Ucrânia diz que a Rússia é culpada de genocídio, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou na segunda-feira o presidente russo, Vladimir Putin, de crimes de guerra e pediu um julgamento.
O Kremlin afirmou que as declarações de Biden são inaceitáveis e indignas de um líder dos Estados Unidos.
Na ONU, Rússia diz que forças armadas deixaram Bucha ‘em ato de boa fé’ e nega crimes
O representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, negou as acusações de crimes de guerra, feitas por embaixadores de outros países durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, nesta terça-feira,5.
Com ataques à Bucha, na Ucrânia, como tema central do debate, Nebenzya disse que seu país retirou as forças armadas “em um ato de boa fé” e alegou que as outras nações estavam se precipitando em chegar a conclusões.
“Nossas forças armadas estão sendo acusadas de atos malignos. Os vídeos foram feitos por mídias do Ocidente e forças humanitárias que dizem ser imparciais, mas que claramente têm visão ucraniana dos fatos”, afirmou. O embaixador mencionou como argumento, por exemplo, que em determinado vídeo foram entrevistados civis ucranianos que não mencionaram tiroteios em massas ou corpos pela cidade de Bucha.
Nebenzya disse ainda que a Rússia não impediu nenhum cidadão de deixar Kiev, uma vez que um caminho ao norte estaria aberto.
Após o discurso, o representante da Ucrânia, Sergiy Kyslytsya, pediu a palavra e afirmou que a “única verdade dita pela Rússia é que não ela está se movendo como planejado” no ataque. “E isso é devido à resistência da Ucrânia, e não por sua inteligência planejada”.
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