Rússia não vai enviar gás gratuitamente para a Europa, diz Peskov após G7 dizer que não aceitam a exigência da Rússia
A Rússia não pretende fornecer gás de graça se a União Europeia se recusar a pagar em rublos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.”Definitivamente, não vamos fazer uma caridade para enviar gás gratuitamente para a Europa”, disse Peskov, após ser perguntado se a Rússia cortaria o gás para países que se recusassem a pagar em rublos.
O porta-voz do Kremlin ainda disse que a decisão final sobre a recusa de pagar o gás russo em rublos ainda não foi tomada.
Na semana passada, o presidente Vladimir Putin instruiu o Banco Central , a Gazprom e o governo a organizar a transferência de pagamentos de gás de países hostis em rublos.
O ministro da Economia alemão, Robert Habeck , disse na segunda-feira que os países do G7 não concordam com a exigência da Rússia de pagar o gás em rublos e consideram tal medida “quebra unilateral de contratos”.
Comentando a declaração do ministro alemão, Ivan Abramov, autoridade do comitê de política econômica da Rússia, observou que a recusa “levará definitivamente à interrupção do fornecimento de gás”.
Biden diz que não ‘voltará atrás’ em seus comentários sobre Putin
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse nesta segunda (28) que seu comentário em Varsóvia de que o presidente russo, Vladimir Putin, deveria ser removido do poder reflete sua própria “indignação moral”, e não um desejo dos EUA de promover uma mudança na política russa, segundo a Reuters.
“Eu não estava nem estou articulando uma mudança de política. Eu estava expressando indignação moral que senti e não peço desculpas”, afirmou.
Após o comentário de Biden, feito durante um evento na capital polonesa no sábado (26), seus representantes correram para esclarecer que a Casa Branca não estava defendendo uma mudança de governo na Rússia.
Ainda assim, o presidente declarou também hoje (28) que “não estava voltando atrás no que havia dito” sobre Putin, e quando questionado se a observação provocaria uma resposta negativa do líder russo, Biden disse “não me importo com o que ele pensa […] ele vai fazer o que tiver de fazer“.
Zelensky diz que questão da “neutralidade” é “estudada em profundidade”
A questão da “neutralidade” da Ucrânia, um dos pontos centrais das negociações com a Rússia para terminar o conflito, é “estudada em profundidade”, assegurou este domingo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky
Uma das cláusulas das negociações aborda as “garantias de segurança e a neutralidade, o estatuto desnuclearizado do nosso Estado”, declarou nesta entrevista
“Estamos prontos a aceitá-la”, prosseguiu. “Este ponto das negociações está em discussão, é estudado em profundidade”, assegurou.
“Mas não pretendo que seja um papel do estilo dos memorandos de Budapeste”, acrescentou, numa alusão aos acordos assinados pela Rússia em 1994 que garantia a integridade e a segurança de três repúblicas soviéticas, incluindo a Ucrânia, em troca do abandono das armas nucleares herdadas da União Soviética.
Exigência russa
A neutralidade da Ucrânia é uma das exigências que a Rússia colocou sobre a mesa para parar a invasão ao país vizinho. Os russos chegaram a sugerir que a Ucrânia adotasse o modelo de neutralidade da Suécia ou da Áustria, dois países que não fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e que não se envolvem em guerras.
A desmilitarização é um dos objetivos de Vladimir Putin ao exigir a neutralidade ucraniana.
O que é a neutralidade?
O status de neutralidade depende de cada país, sobretudo se a neutralidade está na sua constituição. Mas, na prática, um país neutro é aquele que não toma partido dos países beligerantes numa guerra específica e opta por uma postura de neutralidade permanente em todos os conflitos que possam acontecer futuramente.
Segundo a Convenção de Haia de 1907, o país que se declara neutro não participa na guerra, mesmo que seja pedido.
A neutralidade pode ser militar – há nações desmilitarizadas ou que não têm forças armadas para ações de manutenção de paz – e/ou política, como acontece com a Áustria e Suécia, que têm uma aliança política com a União Europeia.
No entanto, a neutralidade de um país pode também implicar que não alinhe em grupos e alianças. Neste caso, o estatuto de “neutro” poderia ser espelhado com a não adesão à União Europeia e à Otan ou até à Organização do Tratado de Segurança Coletiva.
O QUE ESTE ESTATUTO DA NEUTRALIDADE
A Ucrânia prometeu neutralidade quando obteve a independência em 1991, mas mudou de rumo após a anexação da península da Crimeia pela Rússia, em 2014. O Parlamento ucraniano aprovou por larga maioria uma alteração à Constituição e tornou a adesão à União Europeia e à NATO objetivos nacionais.
Mas não é só a Rússia que quer evitar esta iniciativa. A NATO tem recusado sistematicamente os apelos da Ucrânia, temendo desencadear um confronto militar com a Rússia. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, já admitiu que o objetivo de aderir à NATO é provavelmente inalcançável.
E neste domingo (27.03), em entrevista à imprensa russa independente, mostrou-se aberto a debater a questão: “Estamos dispostos a aceitar as garantias de segurança e neutralidade, estatuto não-nuclear do nosso Estado”.
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Zelensky diz que Ucrânia está pronta para aceitar status neutro e negociações ocorrerão na Turquia
A próxima rodada de negociações entre a Rússia e a Ucrânia será realizada em Istambul nesta terça-feira (29), informou a presidência da Turquia.
O encontro entre representantes dos países acontecerá após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarar no domingo (27) que a Ucrânia está pronta para aceitar um status neutro como parte de um acordo de paz.
“Garantias de segurança e o status neutro e não nuclear de nosso estado. Estamos prontos para aceitar isso. Este é o ponto mais importante para Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia
As negociações em Istambul, segundo o Kremlin, buscam um acordo de paz entre as delegações para interromper a guerra, que teve início em 24 de fevereiro. Os negociadores devem chegar à Turquia ainda nesta segunda-feira (28), mas é improvável que as negociações ocorram ainda hoje.
O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega turco, Tayyip Erdogan, concordaram em uma ligação telefônica no domingo para Istambul sediar o encontro. Até agora, Ucrânia e Rússia se sentaram à mesa para algumas rodadas de negociações. Houve a tentativa de abertura de corredores para retirada da população e chegada de ajuda humanitária.
UE, Otan e EUA são autocráticos com outras civilizações, rebate Lavrov
O chanceler russo, Sergey Lavrov, rebateu as declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que diz que o mundo vive um embate entre “democracias e autocracias”.
Na Sérvia Lavrov disse que os EUA, Canadá e Europa, países que sancionaram a Rússia, não são democracias mas sim autocracias e que a Rússia é a autêntica democracia e que está sozinha na luta contra genocidas e nazistas.
Para Lavrov, é justamente o Ocidente que se comporta como uma ditadura no mundo:
“Falando em democracias e autocracias, a comunidade de democracias, representada pela UE, Otan e Estados Unidos, que se tornaram um, é flagrantemente autocrata em relação a outros membros da comunidade mundial. Talvez comunidade de ditaduras fosse mais apropriado”, disse o chanceler, conforme a página do RT na rede social VK.
Lavrov: ‘Encontro entre Putin e Zelensky seria contraproducente’
Ele disse que Putin nunca se recusou a encontrar Zelensky, mas que as reuniões devem ser bastante preparadas.
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